Árvore bíblica germina de semente de 1.000 anos encontrada na Judeia

Antiga semente da Judeia, com mais de 1.000 anos, germinou em uma estufa, sob os cuidados de uma equipe internacional de botânicos e pesquisadores. Apelidada de Sheba, a árvore mede aproximadamente 3 m e pode ser o último exemplar de uma espécie citada na bíblia por suas propriedades medicinais.
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A trajetória da semente, “esquecida” em uma caverna no deserto, é cheia de idas e vindas. Originalmente, ela foi descoberta por um grupo de arqueólogos da Universidade Hebraica de Jerusalém, no final dos anos 1980. É surpreendente pensar em como conseguiram encontrá-la, com suas pequenas dimensões (1,8 cm e 0,5 g).
Desde então, a semente misteriosa da Judeia despertou a curiosidade de diferentes grupos de cientistas em todo o mundo. Então, foi iniciada a pesquisa mais recente, recém-publicada na revista Communications Biology. Com a técnica de datação por radiocarbono, a sua origem foi datada entre 993 e 1202 d.C. Os testes também demonstraram que o seu cultivo ainda era viável.
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Cultivando a semente de mil anos
A semente encontrada na Judeia foi plantada em 2010 e, após 14 anos, ela finalmente atingiu a sua maturidade, o que ainda não diz muita coisa. O grupo de pesquisadores não conseguiu chegar a um consenso sobre a qual espécie pertence.
Com a suspeita de ser uma árvore bíblica, semente de mil anos germina e alcança quase 3 m de altura (Imagem: Sallon et al., 2024/Communications Biology)
Entretanto, eles já definiram que a árvore possivelmente bíblica pertence ao gênero Commiphora, que contempla as famosas mirra e olíbano. A definição foi possível a partir do sequenciamento do DNA e da análise filogenética.
Segundo os pesquisadores, a planta é caducifólia, ou seja, ela perde as folhas verdes durante os meses mais frios do ano (por lá, isso ocorre entre dezembro e abril). Não foi associada a fortes compostos aromáticos e, até o momento, não floriu, algo decisivo para validar a espécie.
“Não se sabe por que [a árvore] Sheba permanece não reprodutiva ou quando a floração pode ocorrer no futuro”, afirmam os autores, no artigo. Talvez, ela se reproduza naturalmente em “uma idade mais avançada” ou “o ambiente de estufa artificial, onde ele está localizado, não seja propício”, sugerem.
Por outro lado, ganha destaque as suas possíveis propriedades medicinais. Entre os compostos identificados, estão os triterpenos pentacíclicos, que reduzem o nível de inflamação.
Para além disso, a equipe destaca outros possíveis usos devido às suas propriedades antibacteriana, antiviral, hepatoprotetora e antitumoral, além da capacidade de cicatrização de feridas. Os potenciais usos ainda não foram analisados em pesquisas complementares.
Árvore bíblica renascida?
Originalmente, os cientistas investigaram a hipótese de que a semente misteriosa pertencia a uma planta já extinta conhecida como bálsamo da Judeia, “usada como perfume, incenso, remédio, tratamento para catarata, embalsamamento, antídoto para veneno de cobra e para fins ritualísticos e cerimoniais”. No entanto, a ideia precisou ser descartada ao verificarem que a árvore não produzia fortes fragrâncias.
Agora, o grupo estuda a possibilidade da planta ser a fonte do “tsori” bíblico, uma resina vegetal proveniente de outra espécie extinta que é citada na bíblia por seus usos medicinais. “Mencionada em textos bíblicos, era considerada uma substância valiosa associada à cura, mas não descrita nessas fontes como perfumada”, completam. Quando e se a árvore florescer, mais pistas sobre a sua origem poderão ser encontradas, colocando um fim ao seu mistério.
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