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Carbono da antiga atmosfera de Marte pode virar combustível

Dá para imaginar que, há bilhões de anos, Marte teve água e até uma atmosfera espessa? Hoje, ambos ainda existem no Planeta Vermelho, mas em quantidades bem pequenas. Para cientistas liderados por Dr. Joshua Murray, parte da atmosfera marciana talvez ainda exista, mas estaria presa nas rochas do planeta.

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Enquanto isso, há outro mistério: o metano em Marte parece variar sazonalmente, mas não se sabe o porquê. Para a equipe do novo estudo, o dióxido de carbono da antiga atmosfera pode estar retido nas argilas por lá: o que acontece é que a água que existiu no Planeta Vermelho talvez tenha contribuído para uma reação em cadeia, em que as argilas teriam retido o dióxido de carbono; este, por sua vez, pode ter sido transformado em metano.

Uma reação do tipo ocorre na Terra, e pode ter sido a responsável por tirar quase 80% do dióxido de carbono da antiga atmosfera marciana. “Com base em nossas descobertas na Terra, mostramos que processos semelhantes provavelmente aconteciam em Marte e que grandes quantidades de CO2 atmosférico poderiam ter sido transformadas em metano e sequestradas em argilas”, explicou Oliver Jagoutz, professor de geologia do Instituto Massachusetts de Tecnologia.


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A equipe acredita que o metano pode ainda existir em Marte, e se este for o caso, talvez sirva como fonte energética para as futuras missões tripuladas por lá. Quaquer missão tripulada no Planeta Vermelho vai precisar de oxigênio para os astronautas respirarem e combustível para a viagem de volta para casa; seria inviável levar estes recursos da Terra, portanto, o melhor é desenvolver ferramentas para a produção deles por lá, com recursos locais. 

Hoje, Marte tem uma atmosfera fina e repleta de dióxido de carbono (Imagem: Reprodução/NASA/VIKING 1)

No passado, a água existente no planeta pode ter interagido com a olivina (mineral rico em ferro), causando oxidação. A reação foi responsável pela cor vermelha de Marte, mas também pode ter liberado hidrogênio. Neste cenário, o hidrogênio teria se combinado com o dióxido de carbono da água, formando metano. Já a olivina teria se transformado em serpentina, e depois, em esmectita, retendo o metano em seu interior.

“Estas argilas de esmectita têm muita capacidade de armazenamento de carbono”, observou Murray. Então, eles se perguntaram: se Marte tem tantas argilas em sua superfície, quanto metano poderia estar armazenado ali? A resposta é complexa, porque depende da quantidade de argila que realmente existe por lá. 

Mesmo assim, existem regiões no planeta onde elas parecem ser abundantes — o que significa que há grandes quantidades de metano retido nelas. “Descobrimos que as estimativas dos volumes globais de argila em Marte são consistentes com o fato de uma parte significativa do CO2 inicial ter sido sequestrada como compostos orgânicos dentro da crosta rica em argila”, explicou Murray. “De certa forma, a atmosfera ausente de Marte pode estar escondida ‘debaixo do nariz’ de todos.”

O artigo que descreve as descobertas foi publicado na revista Science Advances.

Leia a matéria no Canaltech.

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