IA sempre foi a base do Google Workspace, diz líder da empresa no Brasil
O Google Workspace recentemente anunciou a chegada de um painel lateral da IA Gemini em produtos como o Gmail e o Drive, mas não deve parar por aí com as novidades de IA. A tecnologia, aliás, tem papel muito importante na plataforma corporativa do Google, de acordo com o Head do Google Workspace Brasil, Alberto Zafani.
Clique e siga o Canaltech no WhatsApp Google expande Gemini em português no painel lateral do Gmail e Drive Google Cloud lança iniciativa para startups e terá espaço próprio em SP
“A IA dentro do Workspace sempre foi a base, eu entendo que continuará sendo assim. O Gemini vem para trazer uma maneira diferente de como você interage com a plataforma, mas vai ser sempre uma coisa convergente: o Gemini com o Workspace convergindo em uma única solução”, comentou Zafani em entrevista exclusiva ao Canaltech durante o evento Google Cloud Summit, realizado na última quarta-feira (2) em São Paulo (SP).
Durante a conversa, o executivo também falou sobre a distribuição de recursos de IA em português, a facilidade de acesso aos produtos do Workspace e possíveis integrações com IA generativa — leia os destaques a seguir.
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Mais integrações com o Gemini
O painel lateral do Gemini permite consultar o chatbot de IA sem sair de um aplicativo do Workspace, como o Gmail. Além de responder a prompts gerais, a ferramenta consegue localizar informações dentro de arquivos ou e-mails vinculados à conta do profissional: você pode pedir para a IA resumir e-mail, pegar anotações de reuniões ou até analisar um PDF, por exemplo.
Alberto Zafani pontuou que o foco do Google está em trazer recursos de IA generativa para os principais produtos do Workspace, como o Documentos, o Drive e o Meet, mas não descarta novidades para outros aplicativos da suíte profissional.
Canaltech: Como a inteligência artificial generativa consegue melhorar outros produtos do Workspace?
Alberto Zafani: Tem muita evolução, hoje estamos centrando muito no que é o core, o centro do Workspace, principalmente Drive, Chat, Meet, Planilhas e Apresentações. É o ponto principal e depois vamos expandir pro restante do ecossistema.
No Calendário, a gente trabalha para soltar algum produto junto com o Gemini, mas ainda não temos previsão. O AppSheet, que é nossa ferramenta no-code, também vai ter o assistente do Gemini. Hoje, já é muito fácil criar uma aplicação com o AppSheet mesmo sem conhecer código, e vai facilitar ainda mais porque você vai poder criar uma aplicação baseada em uma conversa.
Tudo isso falando de IA generativa. A inteligência artificial por si já é usada desde 2015 e vem sendo muito aprimorada com a parte generativa para dar mais velocidade e esse toque de conversa.
A IA dentro do Workspace sempre foi a base, eu entendo que continuará sendo assim. O Gemini vem para trazer uma maneira diferente de como você interage com a plataforma, mas vai ser sempre uma coisa convergente: o Gemini com o Workspace convergindo em uma única solução.
Painel com acesso ao Gemini chegou ao Brasil neste mês (Imagem: André Magalhães/Canaltech)
Distribuição dos recursos
É comum que novas ferramentas de IA generativa sejam liberadas em inglês e demorem para chegar em outros idiomas — o painel do Gemini no Gmail foi lançado em junho e chegou ao Brasil somente em outubro, por exemplo.
Isso ocorre porque o inglês é o idioma comercialmente usado pelas empresas responsáveis, mas deixa alguns consumidores sem acesso às novidades logo após o lançamento. O Head do Google Workspace Brasil explicou que esse intervalo acontece para garantir uma distribuição responsável e adaptada do recurso ao novo idioma, como o português.
Canaltech: Como o Google trabalha para reduzir essa distância entre lançamentos de IA generativa?
Alberto Zafani: O inglês é mais falado e acaba sendo prioritário. Espanhol e português são línguas que sempre pressionamos para que saiam logo, por terem uma abrangência muito grande.
Isso toma um tempo que é natural, o Google se preocupa muito com a responsabilidade de ter um dado muito apurado, evitar as alucinações. Quando você trata de outro idioma, tem muitas particularidades e nuances dele antes de você soltar [o recurso]. É uma responsabilidade de trazer uma solução que já funciona bem em inglês para o português, mas com a característica correta da região. Acho que isso conta e toma um tempo maior.
Segurança e risco de alucinações
Uma das vantagens do Gemini no Workspace é a possibilidade de enviar arquivos corporativos para análise da ferramenta. Zafani comentou que a IA pode diminuir o risco de alucinações (quando uma inteligência artificial inventa fatos ou traz informações incompletas) ao mencionar as fontes originais de cada dado e que o chatbot não usa arquivos confidenciais das empresas para o treinamento de novos modelos.
CT: Como a integração do Gemini com o Workspace trabalha para conter a alucinação e proteger arquivos internos?
Alberto Zafani: Um grande diferencial que temos no Gemini é poder verificar qual é a fonte daquela busca, então issopara mim é o ponto crucial que vai ajudar a evitar as alucinações. Se aquela fonte está ali, você pode fazer uma uma dupla checagem, verificar se é algo confiável e evitar esse tipo de problema.
Sobre segurança, o ponto principal é que dentro da plataforma do Workspace não usamos os dados inseridos para treinar nenhum modelo, está nos nossos termos. Isso faz com que você fique numa bolha acoplada dentro do próprio ambiente e garanta a confidencialidade.
Líder do Google Workspace no país, Alberto Zafani compartilhou detalhes sobre como a plataforma garante a segurança nos prompts com a IA (Imagem: Divulgação/Google Workspace)
Fácil acesso aos apps
A hospedagem dos serviços do Workspace na nuvem traz grandes vantagens para quem usa os aplicativos da suíte: não é necessário baixar um aplicativo individual para cada utilitário, os arquivos podem ser sincronizados e existe a possibilidade de colaboração. O cenário que já era comum nos apps Documentos, Planilhas e Apresentações também se repete com o Gemini, já que o chatbot está integrado às plataformas.
Para Zafani, isso torna a experiência “integrada e sempre correlacionada”.
CT: As ferramentas do Workplace sempre foram disponibilizadas via web, no lugar de um aplicativo individual. Como você acha que essa estratégia contribuiu na popularização de apps como Documentos, Drive e outros?
Alberto Zafani: O grande benefício para o Workspace é essa facilidade de trocar entre aplicativos. Você tem uma experiência única. Diferente de você ter um aplicativo para planilha, editor de texto, apresentação, comunicação e vídeo, você tem uma experiência integrada, única e sempre correlacionada.
Então eu abro um arquivo do Drive, ele lista os últimos arquivos que eu abri. Se abrir o Docs, ele vai mostrar os últimos arquivos que eu interagi. Essa interconexão entre as soluções facilita muito com a agilidade, é mais produtiva e deixa a experiência mais transparente.
No Gemini, você também não depende de ter algum tipo de instalador. Não precisa ter um aplicativo para instalar no computador e sobrecarregar mais a máquina, ele já está ali no teu painel lateral para usar com a mesma experiência, independentemente da ferramenta da ponta, seja Drive, Docs ou Planilhas.
Treinamento de funcionários
O Google Workspace também aborda formas de treinar e educar clientes sobre as melhores práticas de uso de IA. Durante o Google Cloud Summit, por exemplo, a empresa criou uma ativação para trazer dicas sobre como elaborar prompts elaborados no Gemini.
Além desse tipo de experiência, Alberto Zafani destacou treinamentos oferecidos para parceiros e workshops para quebrar barreiras de conhecimento com a inteligência artificial generativa.
CT: Como o Google ajuda as pessoas a aprenderem sobre as ferramentas de IA?
Alberto Zafani: Especificamente sobre empresas, nós procuramos fazer workshops e até temos um curso aqui de uma oficina de prompts. Não é só fazer uma pergunta, mas estruturar quem é a persona, o que você espera de resultado. A ideia é disseminar cada vez mais esse tipo de oficina para empresas para educar os usuários sobre como eles interagem melhor com a solução.
No geral, a gente trabalhou sempre respondendo perguntas. A população faz tantas perguntas e agora mudou o jogo: você interage com esse tipo de solução de IA generativa sem fazer cada vez mais perguntas e conseguir aprofundar, extrair exatamente o que você quer. Nós temos capacitado todo o time de parceiros para replicar isso com os clientes.
Evento contou com espaço para treinar prompts no Gemini (Imagem: André Magalhães/Canaltech)
Por fim, o Head do Google Workspace Brasil comentou como imagina o futuro do trabalho com a chegada das novas ferramentas de IA. “O cenário para o futuro é de trabalhar de uma forma diferente, mais estratégica. Você tem um olhar diferente no teu dia a dia, de ser mais produtivo, focar um pouco mais na análise. De fato, vai mudar bastante a forma como a gente trabalha”, completou.
VÍDEO: Dica de Segurança – Google Fotos
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