Oceanos estão ficando ácidos demais para sustentar vida e diversidade

No mundo todo, o processo de acidificação das águas está se acelerando por causa da poluição e da alta produção de dióxido de carbono (CO2). Segundo relatório internacional recém-divulgado, os oceanos poderão se tornar ácidos demais para a biodiversidade marinha nos próximos anos, se medidas de proteção não forem adotadas.
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Na verdade, a acidificação dos oceanos deve comprometer toda a vida no planeta, já que essas águas ajudam a estabilizar o clima e são a base de complexas cadeias alimentares. Entretanto, o ponto de inflexão, quando não há mais retorno, ainda não foi alcançado, segundo a primeira edição do relatório Planetary Health Check (PHC), publicada na revista Science Advances.
Na pesquisa desenvolvida por um time internacional de cientistas, incluindo membros da Universidade de Copenhague (Dinamarca), foram medidos diferentes variáveis da saúde do planeta, indo além do pH do mar.
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Problema da acidificação dos oceanos
Na Terra, não existe ação sem efeito. Diferente do que poderíamos imaginar, o CO2 liberado pela queima de combustíveis fósseis não impacta apenas a atmosfera e contribui para a intensificação do efeito estufa. Parte desse gás também é absorvida pelos oceanos e se dissolve na água, o que induz à acidificação em larga escala que é observada atualmente.
Essa mudança no pH da água limita a capacidade do oceano sequestrar mais carbono (o efeito contra o aquecimento global é reduzido) e também dificulta a vida de diferentes formas de vida.
Por exemplo, a acidez impacta os animais que utilizam conchas e as estruturas calcárias dos corais devido ao seu efeito corrosivo. As populações de fitoplâncton, consideradas a base das teias alimentares marinhas, também são afetadas.
Sem o plâncton, peixes e outros animais perdem suas fontes de alimentos, o que pode ter graves consequências e deve afetar até os humanos (já que coloca em risco a atividade econômica da pesca), as aves e os outros animais.
Como está a saúde do planeta?
O relatório, que deve ter versões atualizadas periodicamente, traz um panorama bastante abrangente da saúde do planeta, a partir da análise de nove indicadores. Estes podem ser entendidos como os órgãos vitais da Terra, já que estão diretamente ligados com a vida como a conhecemos.
Além da acidificação dos oceanos, o monitoramento ativo envolve o processo de recuperação da camada de ozônio, a qualidade das águas doces ou ainda a concentração de CO2 na atmosfera, por exemplo. Dos nove, seis parâmetros já tiveram os seus limites de segurança planetária ultrapassados.
Nível de acidez dos oceanos pode ultrapassar limite de segurança, o que coloca em risco a saúde do planeta (Imagem: Richardson et al., 2024/Science Advances )
“Esta atualização sobre os limites planetários revela que seis dos nove limites foram transgredidos, sugerindo que a Terra está agora bem fora do espaço operacional seguro para a humanidade”, defendem os autores, no artigo.
No momento, o único indicador que apresenta sinais bastantes positivos de controle é a questão da camada de ozônio. Fora isso, os outros caminham para um ponto de inflexão, o que poderá causar mudanças na dinâmica do planeta, se nada for feito.
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