Pandemia de miopia: 1 em cada 3 crianças e jovens precisa usar óculos
A miopia é um problema cada vez mais comum entre crianças, adolescentes e jovens até os 19 anos em todo o mundo, como aponta novo estudo liderado por cientistas chineses. As análises indicam que mais de 35% deles têm algum comprometimento da visão devido ao distúrbio. Isso significa que 1 a cada 3 precisa usar óculos pela dificuldade de enxergar à distância, o que configura uma espécie de pandemia de miopia.
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Não é exagero falar em pandemia de miopia, já que o aumento do número de casos do distúrbio é constante nos últimos anos em todo o mundo. Mesmo que alguns países tenham mais casos que outros, especialmente na Ásia, mais crianças e adolescentes convivem com esse problema.
Se a taxa de crescimento de novos casos de miopia se manter pelos próximos anos, o grupo de pesquisa estima que 39,8% das pessoas em idade escolar enfrentarão a condição até o ano 2050. Em números, será o equivalente a 740 milhões de diagnósticos de miopia, conforme apontam os dados publicados na revista British Journal of Ophthalmology (BJO).
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O que é miopia?
“A miopia se manifesta quando objetos próximos parecem claros, mas objetos distantes são borrados”, explica a Academia Americana de Oftalmologia (AAO), de forma simplificada, em artigo. Na escola, é como se desse para ler a apostila, mas, dependendo de onde estiver sentado na sala de aula, não fosse possível ler o que foi escrito na lousa.
1 em cada 3 crianças e adolescentes têm dificuldade em enxergar de longe por causa da miopia (Imagem: Freepik)
Agora, em termos mais técnicos, a miopia é uma forma de ametropia, ou seja, um erro de refração. Nas crianças, nos adolescentes e nos adultos com esse distúrbio, os raios de luz “entram” no olho, mas não são focalizados onde deveriam, que é a retina. A focalização ocorre antes do plano da retina devido ao formato do próprio olho.
Embora o fator genético seja importante, uma criança com miopia não precisa obrigatoriamente ter histórico familiar da condição. Existem muitos fatores envolvidos e até o tempo ao ar livre (longe de telas) pode reduzir o risco. Em caso de diagnóstico, a forma mais simples de correção envolve o uso de óculos ou de lentes de contato.
Pandemia de miopia em crianças e jovens
Voltando para a pesquisa chinesa, o grupo de cientistas fez uma abrangente revisão sobre os dados referentes à miopia em indivíduos de 5 a 19 anos. No total, foram considerados 311 estudos epidemiológicos sobre a condição, englobando 5,4 milhões de crianças e adolescentes, sendo que 1,9 milhões conviviam com miopia. Os dados foram coletados nos cinco continentes.
Segundo os autores, há um crescimento no número de casos de miopia, quando se analisa os dados das últimas três décadas. Entre 1990 e 2000, a prevalência era de 24,3%. De 2001 a 2010, o número subiu para 25,2%. Entre 2011 e 2018, chegou a 29,6%. Agora, de 2020 a 2023, está em 35,8%.
Países com mais casos de miopia
No cenário global, alguns países se destacam por ter a maior prevalência estimada de miopia, com porcentagens bem maiores que a média global. Spoiler: o Brasil não está entre as nações mais atingidas e os países mais afetados estão na Ásia, com algumas exceções, como podemos ver:
Casos globais de miopia em crianças e adolescentes crescem de forma acelerada (Imagem: Liang et al, 2024/British Journal of Ophthalmology)
A seguir, confira os 10 primeiros no ranking:
Japão: 85,9% das crianças e adolescentes têm possivelmente miopia; Coreia do Sul: 73,9%; Rússia: 46,1%. Cingapura: 44,05%; China: 41,1%; Grécia: 38,2%; Itália: 33,1%; Indonésia: 32,6%; México: 32,4%; Malásia: 31,8%.
Crianças, adolescentes e jovens com mais risco
Durante o estudo, os pesquisadores chineses também identificaram cinco fatores que aumentam a probabilidade de um indivíduo ter miopia e apresentar dificuldade para enxergar de longe.
Veja quais são esses fatores:
Morar no Leste Asiático; Morar em áreas urbanas; Ser do sexo feminino; Estar na adolescência; Cursar o ensino médio.
“Essas descobertas são um passo importante para entender as tendências da miopia ao longo do tempo, particularmente em populações que passam por rápidas transições na [prevalência de] miopia e o aumento significativo durante o período especial da pandemia de covid-19“, destacam os autores.
Para o grupo, “é crucial reconhecer que a miopia pode se tornar um fardo global para a saúde no futuro”. Neste contexto, é preciso investir em pesquisas para compreender melhor os riscos e repensar formas de tratamento, buscando melhorar a visão de crianças e adolescentes em todo o mundo.
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