Rússia diz que mantém comunicação direta com Otan e os EUA para amenizar crises

A Rússia disse nesta terça-feira (8) que ainda tem uma linha direta de emergência com os EUA e a aliança militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para amenizar crises à medida que os riscos nucleares aumentam em meio ao confronto mais grave entre Moscou e o ocidente desde o auge da Guerra Fria.
A guerra na Ucrânia, que já dura dois anos e meio, está entrando no que as autoridades russas dizem ser sua fase mais perigosa, à medida que as forças russas avançam e os EUA ponderam permitir que Kiev ataque profundamente a Rússia com mísseis ocidentais.
O presidente Vladimir Putin disse em 12 de setembro que a aprovação ocidental para tal medida significaria “o envolvimento direto dos países da Otan, dos EUA e dos países europeus na guerra na Ucrânia”.
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Grushko, que supervisiona as relações com a Europa e a Otan, disse à agência de notícias estatal RIA que Moscou percebe que a aliança militar está aumentando o papel das armas nucleares em sua estratégia.
Ucrânia diz que míssil hipersônico russo atingiu área de importante base aérea
Ataque hacker interrompe transmissão de mídia estatal russa no aniversário de Putin
Putin discutirá situação do Oriente Médio com presidente do Irã, diz mídia estatal
A Rússia, disse Grushko, estava atualizando sua doutrina nuclear para enviar um sinal “para que nossos oponentes não tenham ilusões sobre nossa prontidão para garantir a segurança da Federação Russa com todos os meios disponíveis”.
Putin está mudando a doutrina nuclear da Rússia para dar ao país um limite ligeiramente menor para o uso de tais armas em resposta a um ataque com armas convencionais.
Os EUA consideram a China como sua maior concorrente e a Rússia como sua maior ameaça ao Estado-nação, enquanto o presidente americano Joe Biden argumenta que este século será definido por uma disputa existencial entre democracias e autocracias.
Uma chamada linha direta entre Moscou e Washington foi criada em 1963 para reduzir as percepções errôneas que alimentaram a Crise dos Mísseis de Cuba em 1962, permitindo a comunicação direta entre os líderes dos EUA e da Rússia.
A linha direta entre os EUA e a Rússia, agora um sistema seguro de comunicação por computador, foi usada durante grandes crises, como a Guerra dos Seis Dias de 1967, a invasão soviética do Afeganistão em 1979, os ataques de 11 de setembro de 2001 e após a invasão do Iraque pelos EUA em 2003.
Além da linha direta dos líderes, também há linhas diretas nucleares entre o Pentágono e o Ministério da Defesa russo, que foram criadas durante a Guerra Fria para reduzir o risco de guerra nuclear.
Depois que Putin ordenou a entrada de milhares de tropas russas na Ucrânia em fevereiro de 2022, uma linha adicional, chamada de “desconflito”, foi estabelecida entre os militares russos e americanos para evitar que a guerra se transformasse em uma guerra entre EUA e Rússia.
O Ministro da Defesa Andrei Belousov contatou o Secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin em julho sobre suspeitas de um complô ucraniano para atacar a Rússia. O New York Times relatou que Austin havia recebido uma ligação de Belousov, em 12 de julho, sobre uma operação secreta ucraniana planejada contra a Rússia que Moscou acreditava ter a bênção dos Estados Unidos.
Há também uma linha direta Rússia-Otan, criada em 2013, para reduzir mal-entendidos em situações de crise.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Rússia diz que mantém comunicação direta com Otan e os EUA para amenizar crises no site CNN Brasil.