Edmundo González diz que saída da Venezuela “é temporária”
O líder da oposição venezuelana, Edmundo González, destacou nesta sexta-feira (4), no âmbito do Fórum La Toja, espaço de debate político na Espanha, que apesar de ter deixado a Venezuela devido a “pressões indescritíveis e ameaças extremas”, sua “saída do país é apenas temporária”.
González, que realizou o primeiro discurso público quase um mês após a sua chegada na Espanha, aproveitou a ocasião para se afirmar como “presidente eleito” da Venezuela e “porta-voz” da diáspora venezuelana. Ele garante que assume o papel “para impulsionar a solidariedade espanhola – e do resto da Europa – com a causa democrática venezuelana”.
Aproveitando o alcance do Fórum e a presença de figuras políticas relevantes, como o membro do Congresso dos Deputados da Espanha, Alberto Núñez Feijóo, e o presidente da Junta da Galiza, Alfonso Rueda, González pediu que a Espanha e a comunidade internacional continuem pressionando “para garantir que na Venezuela a soberania popular, expressa nas urnas em 28 de julho, seja plenamente aplicada e respeitada”.
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Diante da audiência, o candidato da oposição falou da necessidade da Venezuela recuperar “oportunidades perdidas, resgatando não só a normalidade democrática e institucional, mas a normalidade da atividade econômica”, pedindo o apoio da comunidade ibero-americana “em termos enérgicos e eficazes, para que o país possa voltar à normalidade institucional”.
González agradeceu mais uma vez ao governo espanhol pela ajuda ao enfrentar “o capítulo mais difícil e exigente que passou na vida pessoal”, bem como por ter dado a oportunidade de se expressar “sem amarras”.
A CNN está tentando entrar em contato com o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela para obter comentários sobre as declarações.
Dadas as denúncias do ex-candidato presidencial da oposição venezuelana sobre ameaças e pressões, o governo de Nicolás Maduro negou em ocasiões anteriores que González tivesse sido coagido a deixar a Venezuela.
Edmundo González está em Madri desde 8 de setembro e, conforme anunciou o ministro de Assuntos Exteriores, União Europeia e Cooperação da Espanha, José Manuel Albares, esta semana solicitou formalmente asilo político.
Entenda a crise na Venezuela
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.
Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.
O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.
O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.
O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.
Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.
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