Tecnologia

Human-centered AI: desenhando um futuro humano para a tecnologia

As habilidades humanas são fundamentais para o sucesso na implementação da IA nas empresas, sendo um dos principais fatores a serem considerados nesse processo. Em artigos anteriores, destaquei a importância da cultura organizacional, especialmente no que diz respeito ao equilíbrio necessário entre humanos e máquinas, um aspecto essencial para que a IA atinja seu verdadeiro potencial.

Nesse artigo, irei aprofundar a discussão sobre o conceito de Human-centered AI — ou inteligência artificial centrada no ser humano — e como o desenvolvimento dessas habilidades humanas é indispensável para as empresas se adaptarem de forma eficiente ao cenário de transformação tecnológica atual. Boa leitura!

Human-centered AI

Em primeiro lugar, para prosseguirmos na discussão, é interessante definirmos, minimamente, o conceito de Human-centered AI.


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Em um episódio do McKinsey Talks Talent, Melissa Valentine, professora do departamento de Engenharia de Stanford, ofereceu uma clara e concisa definição do termo. Para ela, a inteligência artificial centrada no ser humano é aquela que está realmente focada em ampliar as capacidades humanas.

Além disso, envolve, de acordo com Melissa, todos os arranjos sociais que precisam acontecer ao redor do processo para que seja possível, assim, que todo o potencial da tecnologia se concretize. 

Essa visão, inclusive, é comum e bastante compartilhada entre o mercado e profissionais de tecnologia. Por um lado, temos visto uma rápida evolução de sistemas baseados em IA — uma curva de crescimento que não parece e nem deve arrefecer nos próximos anos, muito pelo contrário.

Por outro lado, como é possível para as empresas acompanhar adequadamente toda essa velocidade?

Novas capacidades

Uma das respostas para a pergunta acima é simples, mesmo que a solução em si demande trabalho e esforço por parte das organizações. Antes de mais nada, é indispensável que as empresas capacitem e desenvolvam seus colaboradores e times, não apenas em relação a habilidades que estes já possuem, mas também quanto a novas capacidades.

Acerca disso, novos estudos têm mostrado que, embora muitos ainda se preocupem com a IA “roubando” postos de trabalho, a realidade, hoje, é outra — mais positiva e também mais complexa.

Se essa realidade era vista como um desafio para os profissionais — que precisariam, em tese, batalhar contra máquinas muito mais produtivas e eficientes —, talvez possa, agora, ser reconhecida como uma oportunidade.

De acordo com um relatório publicado pela Microsoft, a maioria das lideranças (55%) nas empresas está preocupada com a falta de talentos para preencher funções a partir do ano que vem. Além disso, o estudo aponta um aumento de 323% nas contratações de talentos técnicos em IA nos últimos oito anos.

Com esse cenário de escassez de habilidades, uma nova porta se abre aos profissionais que anseiam por uma mudança ou crescimento na carreira — ao contrário do que muitos imaginaram.

66% dos líderes afirmam que não contratariam alguém sem habilidades em IA

71% preferem contratar um candidato menos experiente que possua habilidades em IA do que um candidato mais experiente que não as tenha

2024 Work Trend Index Annual Report – Microsoft e Linkedin

Um desenho de novas perspectivas

Muito do que tem sido discutido em relação a Human-centered AI são aspectos novos que se desenvolvem paralelamente aos estudos e debates — e mesmo que a conversa não seja tão nova assim, ela continua, também, em contínuo desenvolvimento.

Em consonância com a definição da professora Melissa Valentine, a IBM entende o conceito — representado pela sigla HCAI — como uma “disciplina emergente que tem como objetivo desenvolver sistemas de IA que amplifiquem e potencializem as habilidades humanas em vez de substituí-las”.

Essa definição parece ainda mais relevante quando levamos em consideração essa virada de chave em relação à tecnologia, essa nova perspectiva de colaboração e cocriação entre humanos e máquinas, em detrimento daquela que entendia a IA como uma rival a ser temida pelos profissionais.

Vale ressaltar que são extremamente relevantes os projetos que fomentam o estudo e desenvolvimento da disciplina, como é o caso da própria IBM. Outra iniciativa de destaque é o HAI, Instituto de Inteligência Artificial Centrada no Humano, da Universidade de Stanford. A missão do instituto é “promover a pesquisa, educação, políticas e práticas em IA para melhorar a condição humana”.

Além disso, o foco das pesquisas realizadas no HAI é o desenvolvimento de tecnologias de IA inspiradas na inteligência humana e na concepção e criação de aplicações de inteligência artificial que ampliem as capacidades humanas.

O instituto fomenta, assim, um trabalho educacional tanto para estudantes quanto para líderes, para que estes adquiram uma variedade de fundamentos e novas perspectivas sobre IA.

Conclusão

Seja no âmbito profissional, com softwares que tornam nosso trabalho mais eficiente, ou no âmbito pessoal, com robôs de limpeza e carros que dispensam a necessidade de um motorista, existe, por mais contraditório que pareça, um ponto comum nessas situações e processos: o elemento humano.

Não existe uma chave de sucesso para a implementação de IA, independentemente do porte, segmento ou nome da empresa. Existe, contudo, este fator preponderante, o aspecto insubstituível da equação, que são as pessoas. São os profissionais humanos que podem destravar o potencial da tecnologia, que pouco pode fazer sem esse fio condutor. E é fundamental que eles saibam disso.

Leia mais:

Inteligência Artificial e cultura de inovação: como elas se complementam? A importância da complementaridade: integrando humanos e agentes de IA

Leia a matéria no Canaltech.

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