Polio | Por que a vacina injetável é mais eficaz que a de gotas
O Ministério da Saúde anunciou na quinta-feira (19) que, em novembro, a vacina em gotas da poliomielite (VOP, na sigla em inglês) será substituída pela injetável (VIP). De acordo com Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a mudança ocorre para buscar a erradicação da doença.
“Essa é a estratégia da Organização Mundial da Saúde com o objetivo de eliminar e talvez erradicar a pólio, porque enquanto a gente tiver utilizando a vacina oral, isso não vai ser possível, já que a gente acaba tendo a doença causada pelo vírus derivado vacinal”, diz Cunha.
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O diretor explica ainda que, no caso da vacina oral, o vírus é eliminado pelas fezes, o que pode causar a doença pelo vírus derivado vacinal.
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A decisão foi anunciada em julho de 2023 e segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em outros lugares do mundo, como os Estados Unidos e alguns países europeus, a VOP deixou de ser usada há mais de uma década.
De acordo com a representante do Comitê Materno-Infantil da Sociedade Brasileira de Infectologia, Ana Frota, a nova orientação é de que a VOP seja aplicada apenas para controle de surtos, como ocorre na Faixa de Gaza, no Oriente Médio.
Como é o esquema vacinal
A vacina está prevista no Programa Nacional de Imunização (PNI) para todas as crianças menores de 5 anos. Até agora, o esquema vacinal consistia de três doses da vacina injetável (VIP) aos dois, quatro e seis meses, e dois reforços com a vacinal oral bivalente (VOP) aos 15 meses e aos 4 anos.
Estas duas últimas aplicações mudarão a partir de novembro. Será apenas uma dose de reforço, aos 15 meses, e com a VIP. Ainda segundo Cunha, isso não havia acontecido até então por uma questão de abastecimento insuficiente.
“A VIP protege contra a polio 1, 2 e 3; a VOP era só bivalente”, destaca Cunha. Ou seja, a VIP é mais segura por não gerar risco de contágio posterior e por proteger contra os três tipos da doença.
O vírus da polio
A poliomielite é causada pelo poliovírus selvagem, que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia em pernas e braços. A vacinação é o único método de combater a doença que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), deixava ao menos 1.000 crianças paralisadas diariamente até os anos 80.
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