Por que as garrafas PET da Europa vêm com tampinhas coladas

A poluição causada por plásticos é um grande desafio ambiental em todo mundo. Afinal, esses materiais vão se fragmentando em micro e nanoplásticos, tão pequenos que são engolidos pela maioria das criaturas do planeta. Na luta contra o descarte incorreto, a União Europeia regulamentou a produção de garrafas PET e, agora, as tampinhas passaram a ser coladas. A tampa é fixada à garrafa por uma pequena tira de plástico extra.
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Medidas como essa, implementada na Europa, são importantes, ainda mais quando se analisa quais tipos de lixo são mais comuns em rios e águas costeiras. As tampinhas de garrafa de PET estão entre os 10 itens mais descartados incorretamente nesses ambientes, assim como sacolas de plástico e as garrafinhas, como aponta a plataforma Our World in Data. Por causa do tamanho, é difícil recolher o material plástico, que leva centenas de anos para se decompor.
O problema é tão sério que animais marinhos morrem por asfixia, após engolir as tampinhas coloridas e flutuantes. Até as aves podem ser vítimas. Fotógrafos especializados na vida selvagem já registraram imagens de caranguejos-eremitas usando essas tampas plásticas como conchas.
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Garrafa PET com tampinha colada
A obrigatoriedade da tampa fixa em garrafas “é uma das várias políticas projetadas para limitar a quantidade de lixo plástico [descartado incorretamente na Europa]”, afirma Randa Lindsey Kachef, professora do King’s College London (Reino Unido), em artigo para a plataforma The Conversation.
Tampinha de garrafa PET é um dos lixos plásticos mais comuns em praias e rios, mas nova legislação na Europa quer acabar com o problema com as tampas fixas (Imagem: Brian Yurasits/Unsplash)
“É necessário mais tempo para avaliar o impacto dessa mudança“, pontua a pesquisadora Kachef, mas ela está otimista. Isso porque as novas tampinhas não são facilmente removidas, o que reduz o risco de serem jogadas em rios ou praias. Assim, não conseguem percorrer inúmeros quilômetros enquanto flutuam sobre a superfície das águas. A medida usa o design em prol da preservação ambiental e, muito possivelmente, deve favorecer a reciclagem.
No entanto, as tampinhas fixas em garrafas PET não podem ser uma medida solitária no campo da reciclagem. Cada país precisará pensar em programas complementares para facilitar o reuso do plástico e tornar a reciclagem uma medida amplamente comum, o que ainda não é.
E o Brasil?
Por aqui, não existe nenhuma regulamentação que obrigue as garrafas plásticas a serem produzidas com tampas fixas, mas projetos de lei (PLs) estão em tramitação em alguns estados para tornar a medida obrigatória, como Espírito Santo e Rio de Janeiro. As propostas seguem o mesmo caminho da Europa, buscando limitar o descarte incorreto. Se der certo, pode se tornar algo comum nos próximos anos no Brasil.
Na contramão dessa regulamentação, diferentes projetos sociais fazem campanhas em que as tampinhas de garrafa PET são coletadas para levantar fundos. É o caso de ONGs que usam o dinheiro da venda do material em centros de reciclagem para a castração de cachorros ou para a compra de ração para animais de abrigos. Outras entidades usam os fundos para comprar cadeiras de roda para crianças, como já é costume com os lacres metálicos de latinhas de refrigerante e cerveja.
Independentemente da solução, o importante é impedir que essas tampinhas sejam descartadas incorretamente, colocando em risco a vida de animais e poluindo rios e mares, com algo que pode, sim, ser reciclado.
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